Governança Participativa na Política Industrial

Lições da Reforma Sanitária e do SUS

  • Adilson Giovanini UDESC
  • Henrique Morrone UFRGS
Palavras-chave: Política Industrial, Reforma sanitária, SUS, Descentralização, Participação social

Resumo

A experiência internacional evidencia o papel das arenas participativas na construção de Políticas Industriais (PIs) resilientes. A PI brasileira, contudo, exibe fragilidades relacionadas à fragmentação institucional, centralização decisória e baixa interlocução com a sociedade civil.  Diante desta contextualização, este artigo investiga como os arranjos institucionais construídos pela reforma sanitária e pelo SUS podem oferecer lições para aprimorar a governança participativa da PI, com foco no Conselho Nacional da Indústria (CNI) e no Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). A partir de uma análise histórica, mobilizam-se três dimensões analíticas (capacidade de articulação; coesão representativa e mediação de conflitos) para compreender os limites da estabilidade institucional. Os resultados indicam que a fragilidade dessas dimensões compromete a resiliência da PI. O estudo aponta a necessidade de redesenhar as arenas participativas, descentralizar decisões e institucionalizar processos duradouros de pactuação e monitoramento, a fim de conferir continuidade e efetividade às estratégias de neoindustrialização no Brasil.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Brasil. (2023). Decreto nº 11.482, de 6 de abril de 2023: Dispõe sobre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial - CNDI. Diário Oficial da União. https://www.in.gov.br/web/dou/-/decreto-n-11.482-de-6-de-abril-de-2023-475785896

Bresser-Pereira, L. C. (2007). Estratégia nacional-desenvolvimentista. Revista de Economia Política, 27(2), p.233–255.

Cabria, J. V. B. (2024). Industrial policy and state-business relations in Brazil: The governance of productive development policies. Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales, 17(12), p.1–26.

Capistrano Filho, D., & Pimenta, A. L. (1988). Saúde para todos: Um desafio ao município. A resposta de Bauru. In Saúde para todos: Um desafio ao município. A resposta de Bauru (pp. 207–207

Chang, H.-J. (1999). The economic theory of the developmental state. In M. Woo-Cumings (Ed.), The developmental state (pp. xx–xx). Ithaca, NY: Cornell University Press.

Chang, H.-J. (2003). Kicking away the ladder: Infant industry promotion in historical perspective. Oxford Development Studies, 31(1), 21–32.

Cimoli, M., Dosi, G., & Stiglitz, J. E. (2009). Industrial policy and development: The political economy of capabilities accumulation. Oxford: Oxford University Press.

Suzigan, W., Garcia, R., & Assis Feitosa, P. H. (2020). Institutions and industrial policy in Brazil after two decades: Have we built the needed institutions? Economics of Innovation and New Technology, 29(7), p.799–813. DOI: 10.1080/10438599.2020.1719629

Costa, N. do R. (2014). Comunidade epistêmica e a formação da reforma sanitária no Brasil. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 24, p.809–829. DOI:10.1590/S0103-73312014000300008

Coutinho, L. (2015). Governança e políticas industriais no Brasil. Revista do BNDES, 42(1), p. 25–42.

De Toni, J. (2013). Novos arranjos institucionais na política industrial do governo Lula: A força das novas ideias e dos empreendedores políticos [Tese de doutorado, Universidade de Brasília].

Dowbor, M. (2018). Escapando das incertezas do jogo eleitoral: A construção de encaixes e domínio de agência do movimento municipalista de saúde. In Movimentos sociais e institucionalização (p. 89).

Escorel, S., Nascimento, D. R. do, & Edler, F. C. (2005). As origens da reforma sanitária e do SUS. In Saúde e democracia: História e perspectivas do SUS (pp. xx–xx). Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.

Evans, P. (1995). Embedded autonomy: States and industrial transformation. Princeton: Princeton University Press.

Faria, C. E. de. (2017). O papel da Confederação Nacional da Indústria na política industrial brasileira (1938–2014) [Tese de doutorado, Universidade de Brasília].

Fleury, S. (2009). Saúde e democracia: A luta do CEBES. São Paulo: Lemos Editorial.

Gomide, A. A., De Toni, A. P., & Giesteira, C. J. S. (2025). Capacidades estatais e articulação público-privada na política industrial: O que aprendemos com o Brasil? Revista do Serviço Público, 76(4), p.1–30

Hausmann, R., Rodrik, D., & Sabel, C. (2008). Reconfiguring industrial policy: A framework with an application to South Africa. CID Working Paper, 168. Harvard University.

Karo, E., & Kattel, R. (2018). The new global division of innovation labor: Causes and consequences. Industry and Innovation, 25(7), p.648–666. DOI: 10.1080/13662716.2018.1440986

Lotta, G. S., & Vaz, J. C. (2015). Arranjos institucionais de políticas públicas: Aprendizados a partir de casos de arranjos institucionais complexos no Brasil. Revista do Serviço Público, 66(2), p.171–194.

Mazzucato, M. (2011). The entrepreneurial state. Soundings, 49, p. 131–142.

Mazzucato, M. (2021). Mission economy: A moonshot guide to changing capitalism. London: Penguin UK.

Musacchio, A., & Lazzarini, S. G. (2015). Reinventando o capitalismo de Estado: O Leviatã nos negócios: Brasil e outros países. São Paulo: Portfolio-Penguin.

Paim, J. S. (2007). A reforma sanitária brasileira: Contribuição para a compreensão e crítica da trajetória da política de saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.

Paim, J. S., et al. (2011). The Brazilian health system: History, advances, and challenges. The Lancet, 377(9779), p. 1778–1797.

Rodrik, D. (2004). Industrial policy for the twenty-first century. CEPR Discussion Paper Series, 4767

Schneider, B. R. (2004). Business politics and the state in twentieth-century Latin America. Cambridge: Cambridge University Press.

Schneider, B. R. (2015). Designing industrial policy in Latin America: Business-state relations and the new developmentalism. Journal of Politics in Latin America, 5(1),p. 3–39.

Schmitz, H. (2007). Reducing complexity in the industrial policy debate. Development Policy Review, 25(4), p. 417–428.

Stein, G. Q., & Gugliano, A. A. (2017). Capacidades políticas e política industrial: A experiência brasileira no século XXI. Anais do Encontro Anual da ANPOCS – GT Políticas Públicas, 41.

Wade, R. (1990). Industrial policy in East Asia: Does it lead or follow the market? In G. Gereffi & D. Wyman (Eds.), Manufacturing miracles: Paths of industrialization in Latin America and East Asia (pp. 231–266). Princeton University Press. DOI: 10.1515/9781400862030.231

Publicado
2025-07-24
Como Citar
Giovanini, A., & Morrone, H. (2025). Governança Participativa na Política Industrial: Lições da Reforma Sanitária e do SUS. Brazilian Keynesian Review, 11(2), 218 - 242. https://doi.org/10.33834/bkr.v11i2.391
Seção
Artigos