Governança Participativa na Política Industrial
Lições da Reforma Sanitária e do SUS
Resumo
A experiência internacional evidencia o papel das arenas participativas na construção de Políticas Industriais (PIs) resilientes. A PI brasileira, contudo, exibe fragilidades relacionadas à fragmentação institucional, centralização decisória e baixa interlocução com a sociedade civil. Diante desta contextualização, este artigo investiga como os arranjos institucionais construídos pela reforma sanitária e pelo SUS podem oferecer lições para aprimorar a governança participativa da PI, com foco no Conselho Nacional da Indústria (CNI) e no Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). A partir de uma análise histórica, mobilizam-se três dimensões analíticas (capacidade de articulação; coesão representativa e mediação de conflitos) para compreender os limites da estabilidade institucional. Os resultados indicam que a fragilidade dessas dimensões compromete a resiliência da PI. O estudo aponta a necessidade de redesenhar as arenas participativas, descentralizar decisões e institucionalizar processos duradouros de pactuação e monitoramento, a fim de conferir continuidade e efetividade às estratégias de neoindustrialização no Brasil.
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